NOVOS REPRESENTANTES, VELHAS TÁTICAS E UM FELIZ ANO NOVO!

Sempre fui um combatente das marotas alterações legislativas ou qualquer medida leniente com a impunidade ou com a criação/majoração de tributos, principalmente em vésperas de feriados. A condenável técnica de estabelecer legislações duvidosas nas proximidades das festas natalinas e carnavalescas é antiga. Regramentos indigestos são “empurrados goela abaixo” em momentos que deveriam ser de alegria, aproveitando-se sorrateiramente da natural descontração em torno de festividades.

Pensei que esta vil estratégia política tão largamente utilizada por déspotas de matiz rubra estivesse abandonada por um governo supostamente verde e amarelo. Enganei-me. Continuo firme na torcida pelo sucesso de nossos governantes, mas eu aprendi a não brigar com os fatos estampados diante do meu nariz. A caneta presidencial, como todo o resto do sistema, parece continuar nervosa às vésperas de festividades. Nada se compara à asquerosa podridão petista, mas considero inegável que nosso querido Brasil ainda continua a vomitar facilidades para réus e tergiversar com a impunidade.

Ufa! Pelo menos temos o Partido Novo! Este sim, genuinamente liberal clássico. Chega de tantos tributos! Sinto muito, leitor, mas não é bem assim. O Partido Novo se propôs a inaugurar os valores da liberdade e da não interferência estatal na economia brasileira, mas contradiz seu DNA ao não expurgar os deputados que traem os princípios morais do próprio partido. Outro dia, fiquei pasmo ao observar que um dos deputados deste suposto partido liberal adotou a velha tática de sugerir a criação de mais burocracia, devidamente coroada com um novo tributo sobre criptomoedas. Pois é… E o povo? E os eleitores que acreditaram nos valores divulgados? Bem… são meros detalhes e não passam de dados estatísticos. Nas costas dos amantes da liberdade, o peso de mais uma decepção.

Em suma, o novo Brasil tem um partido liberal “pero no mucho”; um governo eleito com o discurso de colocar bandidos na cadeia, mas aceitou a mitigação do pacote anticrime de seu ministro da Justiça. Tudo às vésperas do Natal, “ora bolas caçarolas”. Lutei por um novo no Brasil, mas 2019 fechou com a velha pizza à brasileira, com a indigesta sobremesa de marmelada. “Tudo como dantes no quartel de Abrantes”, meus queridos leitores: no Brasil, o poste continua urinando no cachorro.

E o lado positivo? De fato, existem inúmeros aspectos solares, mormente no campo econômico. O governo teve seus méritos e está arrumando a lambança petista, sim senhor. Pudera! Herdamos um país dilacerado pelos escândalos de corrupção da “companheirada vermelha”. Depois de mais de uma década sendo governado por criminosos condenados pela Justiça e por uma ideologia tirânica, qualquer suspiro de liberdade econômica ou burocrática é visto como uma brisa de esperança para nos alforriar da interferência estatal em nossas vidas.

Continuando no aspecto solar, temos um conjunto de deputados oxigenados, coerentes, verdadeiramente amigos da liberdade e respeitadores do patrimônio alheio. Com raro júbilo, assisti um rápido discurso do meu querido amigo e deputado federal Luiz Philippe de Orleans e Bragança, que se manifestou contra a extensão do despotismo tributário para os ativos digitais. Orgulho-me de ter sido um de seus eleitores.

Essa minoria genuinamente amante da liberdade simboliza um oásis de dignidade e respeito à propriedade privada num árido deserto moral, onde o patrimônio alheio é o principal alvo da sanha arrecadatória e da voracidade dos abutres. O nome técnico para isso é fisiologismo. Espero que tenhamos cada vez mais deputados que sigam o exemplo desse pequeno grupo que condena qualquer majoração de tributos e fomenta a eliminação de tantos outros. Desnecessário lembrar que vivemos sob as garras de uma vergonhosa carga tributária, de uma corrosiva corrupção, tudo regado por uma abjeta retórica que condena a impunidade, mas afaga as medidas procrastinatórias da Justiça.

Solicito licença para discordar dos que acharam positivo o chamado “juiz de garantia”. Também discordo daqueles que dizem que tudo isso cairá via ADI (ação direita de inconstitucionalidade) num suposto “xadrez 4D” jogado pelo governo. Torço para estar equivocado, mas desconfio fortemente que estejam ameaçados os grandes instrumentos de combate à corrupção, como a delação premiada, a prisão preventiva “y otras cositas más”.

Na minha modesta opinião jurídica, trata-se de complicar, ainda mais, o já complicado Poder Judiciário. Além do mais, precisamos de menos gastos estatais ou, como diz a jocosa expressão popular: “o menos é mais”. Nunca foi tão útil a repetição do jargão entoado reiteradamente nas grandes manifestações contra a tirania estatizante: “mais Mises, menos Marx”. Do Estado, do governo e da burocracia, desejamos apenas uma coisa: deixe-nos em paz, ou seja, parem de criar despesas.

Parece que os três poderes ainda não entenderam o que seja liberdade. E se entenderam, caminham em sentido oposto. De minha parte, esforço-me para manter a serenidade e continuo firme nas minhas convicções políticas anti-tirânicas, ou seja, desprovida das nefastas interferências estatais na economia, nas famílias e na vida das pessoas. Simplifico: sou amante da liberdade. Não mudei uma vírgula sequer das minhas convicções políticas, apenas me pergunto quando nossos governantes e representantes tomarão vergonha e colocarão em prática os valores contidos em seus respectivos discursos?

Recuso-me a ser um “homem do meu tempo”. Gestões ou homens ajustados ao seu tempo estão fadados à obsolescência. Julgo mais interessante estarmos conectados a valores transcendentes ao eixo tempo-espaço. Ficou confuso? Estamos sujeitos a leis naturais, universais e imutáveis, onde o trinômio bom-belo-verdadeiro está bem longe do modismo relativista da era moderna. Desprezo esse relativismo moral, pois seja no passado, no presente ou no futuro, roubar o mérito alheio via tributação ou escravizar um povo ou um biótipo específico, eventualmente, pode ser estar inserido na legislação ou nos costumes sociais (como ocorrera antes da nossa saudosa princesa Isabel), mas jamais foi, é ou será moral.

Vivemos tempos de fanatismo político, onde professores ocultam que Nazismo é o acrônimo de Nacional Socialismo. Sim, meus queridos, tem socialismo até na sigla. Mas não é só. O asqueroso relativismo moral corre solto nas Universidades, além de um certo conformismo em pagarmos uma carga tributária flagrantemente expropriatória. Tudo dentro da lei! Verificamos em nossas famílias, em nossos círculos de amizades ou entre conhecidos, petistas fanáticos que ainda acreditam que seus falsos messias são inocentes, injustiçados e honestos. Talvez com o líder mais honesto de todos, como se intitulou o condenado ex-presidente e ex-presidiário. Convido meus leitores, destros ou canhotos na ideologia, a perderem sua ingenuidade. As mazelas humanas não têm ideologia política, nem preconceito algum. Esse lado sombrio atinge a todos os genótipos, a todas as nacionalidades e a todas as classes sociais.

O fanatismo oriundo do marxismo e suas toscas derivações avermelhadas, que tentam igualar a sarjeta ao arranha-céu moral (afinal, a culpa é sociedade), confundem dignidade com classe operária ou com outro coletivo qualquer. Trata-se de uma mistura de bílis, ódio, inveja e doses cavalares de preconceito. A notável encíclica Rerum Novarum que o diga. Não sejamos ingênuos, isso não é exclusividade de uma única ideologia. Lamentavelmente, isso é “humano, demasiadamente humano”.

Por derradeiro, sabemos que as ideologias centralizadoras de poder e intervencionistas desembocam no despotismo e sequem na contramão da liberdade, mas existem aspectos solares e sombrios em todos os indivíduos, independentemente de seus respectivos espectros políticos. Concluo meu texto propondo que acreditemos em valores morais objetivos, sem jamais escorregarmos no equívoco da idealização de supostos salvadores da pátria, sejam destros ou canhotos.

Um feliz ano novo e que Deus nos ajude.