ARMAS EFICIENTES E PACIFICISTAS CONTRA A TIRANIA

Existiria algum ponto de contato entre tecnologia, política e pacifismo? Em outras palavras, podemos conectar internet, redes sociais, bitcoin, blockchain, liberdade, filosofia, política e, até mesmo, espiritualidade ou transcendência? Isso pareceu uma salada mista para você? Minha intenção foi colorir um pano de fundo para as próximas reflexões.

Como uma população desarmada combaterá um tirano repleto de poderio bélico militarizado? Nossas ações contra a tirania poderiam unir efetividade e pacifismo? Sob uma perspectiva transcendente, poderíamos agir em legítima defesa proporcional? Lembro que o termo “proporcional” pode significar um confronto à altura do potencial bélico agressor, o que inclui guerra e derramamento de sangue. Isso seria espiritual ou cristão? Negativa a resposta, deveríamos simplesmente aceitar bovinamente o escravizador tirano? Nossa resignação silenciosa seria sinal de “evolução espiritual”?

Confesso que essas questões sempre me intrigaram, mormente sob a égide pacifista, religiosa ou não. Como conciliar legítima defesa com o jargão “dar a outra face”?  Interpreto essa frase como a oferta da face transcendente para a face mundana. Mas que solução transcendente seria essa? Como legitimar a tenaz luta contra a tirania diante da expressão “bem-aventurados os mansos”?

Diante de tantas questões que envolvem o Direito, os conceitos de Justiça, o Pacifismo, a Filosofia e – por que não incluir? – a própria Teologia, ousarei responder que os avanços tecnológicos nos oportunizam uma saída estrategicamente pacifista e, ao mesmo tempo, não-bovina para o problema do despotismo. Independentemente da nossa condição de religioso ou ateu, espiritualista ou materialista, agnóstico ou crente, todas as pessoas de bem estão unidas no combate aos déspotas engravatados.

As formas de escravidão são infinitas, mas o fanatismo ideológico, a ignorância e, finalmente, a força bruta estão sempre presentes nas caixas de ferramentas dos verdugos pós-modernos. Mas, afinal, quem seriam esses tiranos? Estamos falando dos que defendem a concentração de poder, ou seja, dos eleitos e eleitores adeptos dos monopólios estatais, da centralização tributária e dos partícipes da estrutura burocrática dominante, seja como integrante da mesma, seja como seu manipulador externo.

Pois bem, seja você cristão ou ateu, espiritualista ou materialista, como lidar com tais carrascos sem derramamento de sangue? É chegada hora de falarmos das ferramentas tecnológicas profiláticas da tirania e do despotismo. Enfrentarei a questão pela perspectiva do combate à tirania de forma pacífica, onde saem as armas de fogo e entram as armas tecnológicas. Apresento-vos os “neoquilombos” dos tempos modernos:

A internet quebrou o monopólio da informação, antigamente nas mãos das emissoras televisivas, mãos estas indevidamente amarradas pelo aparato estatal do sistema de concessões, além da óbvia manipulação econômica direta (infames subsídios) ou indireta (propagandas de empresas públicas). Alguém poderia questionar-me: por que uma empesa monopolista, como a Petrobrás, precisa de propaganda para combater um concorrente que sequer existe? A princípio, isso parece um escandaloso contrassenso, mas a lógica do tirano passa pela estratégia de dominação dos meios de comunicação. Lembraram-se da tentativa petista do controle “social” da mídia[1][2]? Pois é…

A internet é o neo-quilombo da informação, ou seja, o recurso pacífico contra a tirania informacional. As redes sociais quebraram o monopólio da transmissão desta mesma informação, vale dizer, da comunicação. Isso significa que, uma vez possuidor da informação, o cidadão poderá compartilha-la anonimamente, fora dos olhares vigilantes dos despóticos “big Brothers”. Internet e redes sociais formaram um poderoso dueto contra os tiranos.

Um poderoso exemplo da conexão entre tecnologia e política foi a queda parcial da tirania petista, apoiada fortemente na facilidade de comunicação (redes sociais) entre os tiranizados. Até mesmo os que escravizavam os taxistas estão sucumbindo com a chegada de aplicativos específicos. Assim, apesar de problemas pontuais de toda a inovação, damos boas-vindas ao Uber! Viva o WhatsApp. Salve o Telegram! E assim por diante.

Até aqui, os amigos leitores poderão pensar que esse artigo não trará grandes novidades, afinal, internet está aí desde a virada do milênio. Porém, a partir de agora, falaremos da tirania através do monopólio da tecnologia da troca e de sua profilaxia através da Blockchain. A estrutura que imprime e controla o dinheiro caminhou inexoravelmente para a tirania. Mais uma vez, o Estado detém esse monopólio centralizador e exerce seu poder em conluio estratégico com restritas instituições privadas. Pergunte-se: quem ganha e quem perde com tudo isso?

Convencionou-se chamar essa espúria troca de “favores” entre integrantes da máquina burocrática e seus comparsas “privados” de Capitalismo de Estado. O nome está equivocado. Melhor seria “Semissocialismo” ou “Semicomunismo”. Dá no mesmo. Sob minha perspectiva, a solução para derrotar o despotismo está no Livre Mercado, ou seja, na liberdade econômica.

Felizmente, para preocupação dos tiranos e alívio dos escravizados, surgiu a Blockchain e toda uma gama de moedas digitais. Bitcoin, Etherium, Ripple, Cardano, Monero, Nano e tantas outras apareceram com múltiplas utilidades e propostas, entre elas, a quebra da imoral tirania monopolista na tecnologia da troca. Estamos assistindo um momento único na história da humanidade: a descentralização do dinheiro. Trata-se da maior e jamais vista arma pacífica contra a tirania.

Assim, respondo afirmativamente às questões que deixei no início do texto. Transcendência e alforria de almas combinam com tecnologia descentralizada. Cunharei o termo “ciberquilombos”, como forma de representar esses espaços de liberdade no mundo virtual.

Seria essa tecnologia um presente transcendente para o orbe terrestre, uma graça ou somente fruto da resistência humana contra o despotismo? Não posso afirmar com segurança. Contudo, se me faltam certezas, sobram-me desconfianças, entre elas, que haja um dedo transcendente nisso tudo, mas essa é outra história. O importante é que podemos escapar da tirania monopolista e estatizante do dinheiro.

Talvez os déspotas não percebam, mas tais avanços tecnológicos em prol da descentralização podem evitar teratológica violência e salvar, até mesmos, as vidas dos próprios carrascos centralizadores, evitando tristes guerras fraticidas e muito sofrimento. Acreditemos ou não em leis transcendentes que regem o universo, esses bálsamos tecnológicos descentralizadores podem e devem serem utilizados como solução pacifista contra a tirania, seja ela informacional ou financeira. Enquanto nossa nada saudosa Dilma saúda a mandioca, encerro meu texto saudando tais avanços tecnológicos, do WhatsApp às chamadas Criptomoedas.

[1] https://exame.abril.com.br/blog/instituto-millenium/39-controle-social-39-da-midia-e-ameaca-a-democracia-dizem-especialistas/

[2] https://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,o-pt-e-a-regulacao-da-midia-imp-,1514002

………………………………………….

Artigos como esse e muita informação de qualidade na REVISTA TERÇA LIVRE

https://revistatercalivre.com.br/app/

…………………………………………