• A falácia da equivalência moral

O primeiro argumento que eu gostaria de refutar é uma suposta igualdade entre agressor e agredido. Obviamente, ambos estão com armas nas mãos, mas um lado em ataque assassino contra uma nação soberana e outro em defesa de suas vidas e de seus filhos, além da própria liberdade e dignidade. Podemos falar em equivalência moral? Há quem responda afirmativamente a essa questão. Eu prefiro debater se tal ataque é genocida ou não[1]. Talvez devêssemos perguntar para as famílias vítimas do morticínio, incluindo indefesas crianças e idosos.

As ideologias centralizadoras de poder, entre elas o comunismo, o nacional socialismo (nazismo) e o fascismo, bem como seus tiranos de plantão, ceifam vidas e a liberdade com vilanias e opressões violentas. Assim fez o comunista Putin, camarada acobertado pelo que se convencionou chamar, em tom irônico, de “beautiful people” e por todos que possuem ideologias centralizadoras de estimação. Sem novidades para os que observaram os asseclas de ditadores por décadas.

Uma outra questão: quem apoia ou vota nessa gente seriam seus cúmplices? Poder-se-ia dizer que a ignorância seja, de fato, a mãe de todos os males? De minha parte, porto mais dúvidas que certezas. Por hora, eis minha conclusão: não podemos equiparar moralmente invasores e invadidos. O lado invasor massacra famílias e a sagrada liberdade de um povo. O invadido age em legítima defesa. Vejo uma grande diferença nestas posturas. Somente os insensíveis falarão em equivalência moral entre a violência do agressor que ceifa vidas, inclusive de crianças, e a resistência do agredido que age em defesa de sua vida e de sua liberdade.

  • O acobertamento da vilania

Julgo particularmente interessante o dito popular “dois pesos, duas medidas” e similares. Todos sabemos que o regime de livre mercado não é, nem de longe, uma panaceia salvacionista. O livre mercado porta suas glórias, bem como seus desafios e suas mazelas. Todas essas mazelas são ideologizadas colocadas nos ombros do “capitalismo-malvadão” ou declarações de ódio a uma determinada classe ou a uma coletividade preconceituosamente eleita como “a culpada”.  Vejo isso com lamento. Estou plenamente consciente que isso faz parte do sórdido jogo político, onde sai a busca pela verdade socrática e entra a retórica sofista das “lacrações” e das “mitadas”. Duas faces da mesma moeda da ignorância e da desonestidade intelectual.

O que me incomoda não é a crítica ao livre mercado. Aliás, quando honesta, ela é muito bem-vinda. O incômodo vem da diferença de tratamento quando a mazela vem da vermelhidão tirânica, pois os cervos do Estado Leviatã não compreende bem o dito popular “pau que bate em Chico, bate em Francisco”. Vale dizer, quando a mazela vem do comunismo, nossa imprensa enviesada adota a política do “passa-panismo” em total subserviência interesseira de ideologias centralizadoras de poder.

Não se confundam, caros leitores, sou um crítico do hedonismo moderno e pós-moderno, que desagua na falta de solidariedade e no tosco consumismo egocêntrico. Todavia, comparar o livre mercado à regimes centralizadores de poder – entre eles, a tirania comunista russa ou o ex-nacional socialismo alemão – é flertar com a insensatez e passar um atestado de ignorância política. Os novos tempos demandam a coragem do posicionamento contrário a tais tiranias, inclusive via proibição legal.

  • O vergonhoso post no Senado brasileiro

Pois é, meus amigos… Alguns políticos parecem que sempre preferem o lado errado. Mesmo diante da agressão e da quebra da paz perpetrada por um determinado agressor, o Partido dos Trabalhadores condenou os Estados Unidos da América e a OTAN pelo ato de guerra. Será que ouvimos a notícia correta? Seria fake News? Infelizmente, confirmei que tal post existiu[2]. Eis a abjeta estratégia dos déspotas: “acusam os outros daquilo que eles próprios são”. Putin chegou a chamar sua invasão guerreira de “missão de paz”. Diante do ridículo e da obviedade do tema, dispensam-se maiores considerações.

Muitos também condenam os EUA e a OTAN, mas por sua covardia e mortal atraso na defesa dos ucranianos, que foram jogados aos leões, num cenário que lembra as barbáries cometidas contra os cristãos. Exatamente como fez Pôncio Pilatos, o massacre iniciou-se diante da lavagem de mãos de organizações frouxas e homens incompetentes que sustentam princípios humanitários como seus pilares éticos. É a ironia pós-moderna. Enviaram tropas aos países vizinhos para assistirem, inertes, o assassinato dos invadidos. Será que ouvimos direito?

Putin prende crianças que levam flores para manifestações pela paz, bem como manifestantes. Ceifa vidas impiedosamente e comete bárbaros crimes contra a humanidade. Permitam-me uma ironia: “quanta democracia porta o comunismo!” Seria cômico, se não fosse trágico. Posso apenas lamentar e compartilhar minha tristeza pelas vítimas da guerra e pela ignorância política das pessoas ao redor do mundo, cujos votos em populistas corruptos gerarão mais mortes.

De minha parte, escrevo como um desabafo e para dar vazão a uma sensação de impotência e melancolia. Clamo pela paz num artigo que talvez ninguém leia. Rogo pela paz olhando um céu azul numa manhã de verão ao som de pássaros e com palmeiras a adornar minha janela. O cenário bucólico parece insuficiente para consolar-me e erradicar minha tristeza por tal carnificina, eis que minha mente e meu coração ainda choram pelas barbáries guerreiras em que a estupidez humana teimosamente persevera.

  • O vergonhoso “passa-panismo”

Não tenho muito mais a dizer, a não ser posicionar-me claramente contra a guerra e rogar aos invasores que abandonem o ímpeto dominador. Obviamente, no tocante aos invasores russos, temos soldados que também são títeres manipulados por um titereiro despótico. De ambos os lados, temos mães chorosas que perderam e perderão seus filhos para a insensatez guerreira. Todas estas mães e pais de famílias, repito, de ambos os lados, merecem nossa compaixão e solidariedade pelo sofrimento presente e vindouro.

Dito isso e apiedando-me das famílias ucranianas e russas, devemos dizer firmemente que cada soldado agressor sempre terá a opção de apelar para sua consciência individual e recusar a condição de agressor. As opções dos agredidos são mais restritas, pois restam-lhes apenas a defesa de sua dignidade (pondo em risco sua vida) ou a escravidão.

Assim sendo, repudio o “passa-panismo” para qualquer tirano. Meu coração lamenta a insanidade deste morticínio, tombem ucranianos ou russos, mas jamais minha consciência sucumbirá em movimento genuflexo a qualquer vilania usurpadora e centralizadora de poder.

Vale dizer, tenho claro quem é o invasor e quem é o invadido. Tenho claro também que a tão festejada “democracia” combina com descentralização. Advogar posturas democráticas e, ao mesmo tempo, regimes centralizadores não porta a menor racionalidade e compara-se  ao mito do Minotauro, onde uma cabeça animal domina o corpo de um homem. Precisamos nos aproximar do mito do Centauro, onde a racionalidade, representada por uma cabeça humana, prevalece sobre a animalidade corpórea.

  • Os “Pôncios Pilatos”

“Preciso de armas, não de carona”. Assim respondeu o presidente ucraniano aos líderes mundiais, em especial ao social-democrata Biden, que oferecem fuga ao presidente, esquecendo-se daquele “minúsculo detalhe”: o povo. Fica a polêmica: qual seria a ação correta? Uma reação, poderia causar uma guerra nuclear sem precedentes. A não reação implica em tolerar o intolerável, ou seja, assistir a um massacre passivamente.

De minha parte, porto a seguinte opinião: cada vez que permitimos uma tirania, o déspota fica mais próximo de nós. O que faríamos no lugar destas autoridades da OTAN ou no lugar dos líderes europeus e americanos? Diante de tragédias humanitárias como esta, tenho dificuldades em optar pela isenção, como fez Pilatos diante da injustiça da crucificação.

Admito que a questão é difícil e causa-nos reflexões. Longe das certezas, convido a todos para irradiarmos pensamentos de paz e de solidariedade nesse momento complexo por que passamos. Mais que isso, aos que lerem esse artigo, sintam-se convidados a praticarem atos programados de caridade. Exercitemos a bondade nas ações para que possamos estimular que esse sentimento se instaure em definitivo em nossos corações. Comecemos a mudança da humanidade por nós mesmos.

  • Líderes fortes

“Sob Bush, a Rússia invadiu a Geórgia; sob Obama, a Rússia pegou a Criméia; sob Biden, a Rússia invadiu a Ucrânia”. Esse foi um trecho do discurso do ex-presidente americano Donald Trump, o mais atacado ex-presidente americano dos últimos tempos. Todavia, feliz ou infelizmente, sob sua gestão, a Rússia não invadiu nenhum país. Solicito permissão para esclarecer que não possuo motivos para simpatizar ou antipatizar com o ex-presidente Trump, pois sequer o conheço pessoalmente.

Todavia, fatos são fatos. O tirano Putin reconheceu Trump como um homem forte e paz reinou. Gostem ou não de Angela Merkel ou Margaret Thatcher, elas também foram líderes fortes. Notem que selecionei líderes com diferentes posicionamentos políticos. O déspota comunista somente adotou medidas expansionistas quando farejou a fraqueza nos atuais líderes opositores. Vale o dito político ecoado pelo notável psicólogo Jordan Peterson: “se você acha que homens fortes são perigosos, espere até ver do que os homens fracos são capazes”.

Diante de uma análise fria das personalidades despóticas, desconfio fortemente que, enquanto o Ocidente debate questões excêntricas como “pronome neutro” e imaturidades do tipo, os tiranos salivam ao observarem que suas vítimas negligenciam a autodefesa. Da análise psicológica aos fatos, constatei que todos criticaram as esquisitices de Trump (ele é uma figura estranha, convenhamos), mas em sua administração todos nós dormimos sem ouvir estampidos de bombas no noticiário ou ameaças nucleares. Hoje, muitos comemoram a vitória de perfumados “sociais-democratas” na Europa e nos EUA, mas dormem aos som de uma guerra que ameaça escalar.

Um dos integrantes da chamada “beautiful people”, o global Guga Chacra, ficou famoso por seu twitter: “o mundo ficará mais suave sem Trump”[3]. Será mesmo, Guga? Infelizmente, caro Guga, a realidade o desmentiu. Não se trata, absolutamente, prezado Guga, de uma crítica pessoal. Todavia, comunicadores de alto nível como você, Guga, precisam urgentemente entender o slogan que adaptei da expressão “mais Mises, menos Marx”: mais realidade, menos utopia.

  • Centralização (tirania) versus Descentralização (liberdade)

No final da linha, termos sempre o mesmo combate: centralização versus descentralização. A liberdade descentraliza, os opressores concentram e centralizam poder. Eis minha questão para qualquer ideólogo: o comunismo centraliza ou descentraliza poder? Apenas solicito que respondam a tal questão com base em fatos concretos, ou seja, apontando a realidade, ao invés de apontar para construções retóricas em torno de um futuro e idealizado “verdadeiro socialismo” existente apenas em fantasias imaginativas.

Passou da hora de separar o joio do trigo, os débeis dos lúcidos, a ilusão da realidade. Os regimes vermelhos são centralizadores de poder e verdadeiros lobos em pele de cordeiro. Gostem ou não, a questão não desafia opiniões, mas fatos incontroversos e demasiadamente flagrantes para que aleguemos ignorância.

Os ainda presos na escuridão da caverna platônica iludem-se com a retórica do “almoço grátis” que os regimes centralizadores vendem como sustentável. Esses prisioneiros, numa avaliação psicológica mais profunda, são escravos não apenas do tirano, mas de seus próprios egocentrismos que os impedem de reconhecerem que centralização de poder e tirania combinam perfeitamente. Na prática, elegem seus déspotas e corruptos de estimação. Eis o resumo da pós-modernidade: idolatria e tirania fashion.

  • A tirania fashion

Dizer a verdade virou opressão. Até mesmo a busca pela verdade parece oprimir as Gretas, os abraçadores de árvores e toda a “beuatiful people”. Entendam-me bem, sou amplamente favorável ao uso de energia sustentável, ao veganismo, ao vegetarianismo e à pureza das crianças. Uso tais termos como símbolos dos que acreditam que derrotarão um tirano comunista como Putin cantando Imagine ou abraçando árvores.

Repito para que não haja confusão: eu adoro a encantadora canção de John Lennon e recostar-me à sombra de uma frondosa árvore. Amo a natureza e o direito das crianças e adultos cantarem o que bem entenderem. Todavia, tratando-se de guerra, precisamos retirar as crianças da sala e permitir que os adultos tomem as decisões. A poderosa Alemanha colocou-se em dependência energética da Rússia, em flagrante ingenuidade geopolítica, pois decidiram ouvir as fantasias de uma criança fofinha – obvio joguete de poderosas forças políticas – ao invés de observarem a duríssima realidade “humana, demasiadamente humana”. Qual realidade? Essa é fácil: observar o medíocre nível ético dos tiranos e a ignorância política pós-moderna.

Os tiranos, ou seja, os centralizadores de poder, perceberam que a maioria da população é facilmente iludida. Ficou fácil para o déspota, pois ele vestiu a tirania com modelitos fashion, ou seja, com os adornos politicamente corretos. Os déspotas usam máscaras com dizeres do tipo “social” e “democrata” para dissimularem suas verdadeiras vilanias e a ignorância política reinante aceita e aplaude a tais personas com entusiasmo.

Pobre povo! Votam em seus próprios algozes. Optam pela escravidão e preferem a cegueira edipiana ao enfrentamento da dura realidade de que seu populista de estimação é seu próprio verdugo, sedento pela centralização de poder. Em suma, a população vota em seu próprio capitão-do-mato, que não mais recupera os escravos sob o estampido dos chicotes, mas sob o melodioso canto da sereia populista supostamente “pelo povo”, “para o povo” e “em nome do povo”. Sim, meus amigos, a tirania mudou de estratégia, primeiro enfraquecem-nos pela dissimulação e pela mentira. Somente num segundo momento vem o uso da força, se é que você mesmo não pedirá e votará em “mais Estado”, “mais centralização” e “mais tirania”. Sim, meus amigos, após mais de 2.000 anos da presença do próprio Cristo entre nós, a população ainda grita por Barrabás.

 

[1] https://g1.globo.com/mundo/noticia/2022/02/27/acoes-da-russia-contra-a-ucrania-tem-sinais-de-genocidio-diz-volodymyr-zelensky.ghtml

[2] https://blogs.oglobo.globo.com/sonar-a-escuta-das-redes/post/perfil-do-pt-no-senado-condena-politica-dos-eua-contra-russia-em-post-e-depois-apaga.html

[3] https://twitter.com/gugachacra/status/1351907653740593153