RELATIVIZAÇÃO MORAL

Na sociedade contemporânea, especialmente na academia, constato a tendência da relativização moral das condutas. Não existiria mais o certo e o errado? Tudo seria relativo? A dicotomia entre o bem e o mal estaria fora de moda? Os criminosos, os corruptos e todas as vilanias seriam culpa da sociedade? Não haveria mais responsabilidade individual? Honrados pais e mães de família poderiam ser responsabilizados pelas más ações de terceiros? Afinal, quem seria responsável pelos nossos próprios atos? Qual a dificuldade de assumirmos o protagonismo de nossas respectivas existências?

Sim, são muitos questionamentos. Bem… a ignorância temperada com pitadas de covardia ameaça-nos com sua expansão quantitativa. Em “festas estranhas com gente esquisita” (parodiando a expressão da canção “Eduardo e Mônica” da banda Legião Urbana) vemos os mais imaturos chafurdarem nas drogas, no álcool e outros vícios. No andar de cima, alguns despóticos engenheiros sociais inoculam mentes ainda em formação, com suas lavagens cerebrais obscuras.

Diante de tantos problemas existenciais, solicito licença para lançar mais duas perguntas aos relativistasmorais: 1. Neste exato momento, autorizas a pratica da ação relativizada contigo? 2. Se todos praticassem essa ação, o que seria da sociedade? Essas duas indagações resumem o tema relativista.

Na esteira da reflexão do pensador Haroldo Dutra Dias, além de concordar com a existência dos binômios certo-errado ou bem-mal, acrescento que a relativização moral pode ocultar traços de covardia existencial e tibiez frente ao enfrentamento do espelho. Em palavras ainda mais duras: relativismo moral é coisa de gente imatura ou de ética claudicante.

Do aspecto ético para o transcendente, não observo muita distância. Várias linhas que estudam aspectos da transcendência ponderam e refletem seriamente sobre a existência de um regramento universal de causa-e-efeito. Uma espécie de atos sincrônicos entre nossas ações e um efeito bumerangue existencial. O significante deste suposto fenômeno espiritual não ocupa o papel principal, mas sim seu significado, brilhantemente resumido pela conhecida expressão: quem faz o mal, para si o faz.

Alguém poderia contestar a dureza de minhas palavras. Não teria uma forma mais branda de comunicar esse princípio moral? Minha resposta é afirmativa. Invertamos a polaridade da minha fala e comunguemos da completude e da alegria oriunda do mesmo princípio, em sua faceta positiva: quem faz o bem, para si o faz.

Estão contigo e comigo, meu querido leitor, as preciosas oportunidades que mostrarão ao mundo e a nós mesmos a constituição de nossa estrutura moral. Falo da tua e da minha escolha personalíssima, não enquanto sociedade, mas sim como indivíduos portadores de livre arbítrio e maturidade para o autoconhecimento e o auto-enfrentamento. De que será feita nossa estrutura moral? Em outras palavras, qual o nosso nível ético, moral ou espiritual? Assumamos o protagonismo de nossas escolhas existenciais e obteremos a resposta.