O QUADRADO REDONDO

Há tempo percebo uma inversão dos termos políticos. Os significantes não simbolizam corretamente os significados. Parece-me uma manobra intencional, bancada por filósofos e ideólogos comprometidos mais com suas teorias políticas do que com a busca da verdade. Toda a negatividade de um significado parece ser corrigida apenas por um significante positivo. Abracadabra! Surge o quadrado redondo. A partir disso, todos passam a chamar o urubu de “meu loro”. Vamos aos exemplos.

O “positivismo” filosófico é, na mais crua avaliação, a negação da transcendência. O melhor termo, portanto, seria seu oposto: o negativismo. O sufixo “ismo” significa “caminho de”. Assim, positivismo seria “o caminho do positivo”. Entretanto, o materialismo “positivista” e o sepultamento da transcendência nos colocam nas antípodas da positividade.

Os “progressistas” políticos adoram Rousseau e o olhar romântico para o passado, para as sociedades primitivas, para a suposta nobreza selvagem e outras bobagens nostálgicas. O termo adequado, mais uma vez, seria o extremo oposto do progressismo, ou seja: regressismo.

Por fim, a socialdemocracia e suas variações: o nacional e o internacional socialismo, o comunismo, o fascismo e outras tirânicas engenharias sociais. Na prática e no mundo distante das utopias inebriantes, vemos que a população destes regimes tenta fugir em direção ao “opressor” capitalismo. Portanto, o termo “social” está flagrantemente equivocado, pois nada menos social do que ver um regime provocar a fuga de sua própria sociedade. Tampouco é democrática, pois concentra poder político e econômico no Estado e não nos indivíduos.

Em suma, a “socialdemocracia” e sua vocação intervencionista, por dedução lógica e observação da realidade, ceifa a liberdade empreendedora e individual. Reitere-se: nem social nem democrática, apenas despótica. Enfim, os sociais-democratas tiranizam seus cidadãos, sempre sob a égide de um discurso melífluo em torno da retórica da paz e do amor. Julgo necessário uma segunda rodada de exemplos, que faço questão de relatar com certa picardia:

  • Cubanos fogem em jangadas para a Flórida-EUA. Nunca ouvi a notícia de um norte americano que fora impedido de fugir dos “malvadões” capitalistas estadunidenses para o “paraíso” da liberdade supostamente existente na ditadura caribenha.

 

  • O ex-presidente e atual presidiário símbolo da corrupção petista afirmou que havia “excesso democrático” na Venezuela. Todavia, apesar de seu território jorrar petróleo, hoje assistimos uma população massacrada, desarmada, faminta e desesperada, sem meios para lutar contra o despotismo socialista daquela nação. Eis o resultado real do real socialismo, com o perdão pelo trocadilho.

 

  • O muro de Berlin, no lado dos “reacionários” capitalistas, portava pinturas e diversas frases escritas pela população, demonstrando a liberdade de expressão proporcionada pelo regime. Do lado dos “bonzinhos” comunistas, o muro cinza era protegido por torres com metralhadoras para assassinar os que tentassem fugir do “fofo” regime vermelho.

Basta de rodeios. O comunismo, o socialismo e demais tiranias rubras deveriam ser considerados crimes morais contra a liberdade e contra os direitos humanos. Simples assim. A questão que fica: essa inversão dos termos (dissonância entre significante e significado) seria fruto da ignorância ou maquiavelicamente intencional? Novamente, encerro meu texto com um provocativo: você decide.