Neste 18 de dezembro de 2022, em plena final de Copa do Mundo, recebi um texto nos famosos grupos de WhatsApp, assinado pelo Coronel Antonio Celente Vieira. Numa época na qual as chamadas fake news estouram mais que pipocas no micro-ondas, fiquei em dúvida sobre sua autoria e tomei o cuidado de verificar com o próprio autor. Dito isso, compartilho a mensagem sem qualquer juízo de valor ou comentários pessoais, a fim de que cada cidadão elabore a própria opinião sobre momento atual (dezembro de 2022) e o conteúdo da mensagem do Coronel. Reitero que fiz a opção de não opinar sobre o texto, por motivos óbvios diante das circunstâncias. Abro aspas para o Coronel:

 

O CUSTO SE UMA OMISSÃO OCORRER

Sob o efeito de hinos militares, início essa lavra. Talvez esteja eu externando a preocupação de inúmeros veteranos do posto de oficial general a graduados, incluindo aí cidadãos que assentaram praça no passado, e que a farda não se despiu de suas almas.

Essa inquietação está consubstanciada na omissão das Forças Armada, em especial a sua cúpula atual, se mantiver estática, diante da crise que a nação, neste momento, passa. O que está em jogo não é mais reconduzir um presidente ou nomear um outro, cuja eleição é suspeita de adulteração. Nesse caso, está-se falando em Segurança Nacional e do destino do País, colocando em jogo a credibilidade do segmento militar, reservando-se ao Brasil tornar-se um pária no concerto das nações.

A inércia dos comandantes militares, neste momento, significará elevada perda de reputação dos homens de farda do presente e do porvir. O nome de uma das instituições de maior prestígio na sociedade poderá ir para o cadafalso, com sua imagem destroçada junto ao povo.

Como o cidadão, nas ruas, em frente às unidades militares, debaixo de sol, sob chuva e sereno, enfrentando as piores adversidades sanitárias, privando-se do lazer do lar, vai enxergar essa omissão?

Como a tropa está vendo essa isenção? Pior, a interpretação do cadete e do aspirante, futuro oficial, é de concordância ou repúdio? Nos centros de formação de graduados, desde o terceiro sargento novinho ao soldado de primeira classe vão, a partir dessa quietude, acreditar em seus instrutores e monitores?

Certamente, o homem das armas não pode se intrometer em política partidária. Mas para que serve o Curso de Estado-Maior e o Superior de Comando, à oficialidade, nas escolas de alto estudos? Por que o Curso de Atualização e de Aperfeiçoamento (CAS) para graduados é ministrado nas escolas das três Forças Singulares? É somente para lhes dar satisfação no escalonamento profissional ou, mais do que isso, proporcionar-lhes discernimento de interpretação das conjunturas nacional e internacional? Não cabe a esses oficiais e graduados construírem cenários para analisarem eventos futuros? É isso que estão fazendo no momento e ponderando os fatos que estão ocorrendo nos bastidores da política. Começam a comparar as lições de liderança aplicada por seus superiores na arte desta guerra Híbrida e de Quinta Geração.

Vejam, está em jogo um capital intangível que poderá ser estraçalhado por toda uma vida da cultura castrense.

Será que um chefe ou comandante vai se sentir à vontade nas solenidades, quando passar em revista a tropa? Como será a sua aula magna nas aberturas de cursos e seminários nas escolas e centros de instrução? Na continência ao terreno, sob os acordes do respectivo dobrado, essa autoridade vai se sentir com consciência tranquila? O que está em jogo é a liderança deste ou daquele oficial general do último posto. A imagem de toda uma instituição experimenta se vai haver falta ou não de ação patriótica, e isso pode custar o enterro de toda tradição e história das fileiras castrenses.

Por falar em memória, será que o culto de nossos vultos e heróis serão glorificados pela posteridade? Como TAMANDARÉ e MARCÍLIO DIAS vão ser enxergados no meio naval? E CAXIAS e OSÓRIO tornar-se-ão exemplos por aqueles que vão mobiliar o nosso querido Exército Brasileiro? Por fim, a briosa Força Aérea vai conseguir dar lugar de destaque a SANTOS DUMONT e a EDUARDO GOMES? E ainda como esses notáveis brasileiro agiriam nesse momento em que o Brasil está passando? São perguntas que ficam e que podem constranger a tradição e a unidade de homens e mulheres que optam pela carreira das armas.

As máximas “Sigam-me os que são Brasileiros” pronunciadas por CAXIAS em Tororó; “eles que venham. Por aqui não passarão” citada por MALLET na Batalha de Tuiuti. “O Brasil espera que cada um cumpra o seu dever. Sustentar o fogo que a vitória é nossa”, disse BARROSO, na batalha do Riachuelo e, por fim, “A grandeza de uma profissão é, antes de tudo, a de unir os homens” palavras de DEOCLÉCIO LIMA DE SIQUEIRA, em 1977, quando se despedia do serviço ativo, ao deixar a Chefia do Estado-Maior da Aeronáutica são construções que saem de planos etéreos para se amalgamarem nas esferas tangíveis da crise atual do País, e que devem estar latentes em nossos chefes.

Mas foram as participações das Forças Armadas que deixaram um lastro significativo em seus anais, em que seus líderes, através dos tempos, tiveram forjadas suas bravuras, fazendo história, quais sejam: 1922 (Dezoitos do Forte), 1930 (Revolução de 30), 1932 (Revolução Constitucionalista), 1935 (Intentona Comunista), 1937 (Estado Novo), 1943 (Força Expedicionária Brasileira – FEB), 1954 (Suicídio do Presidente Vargas), 1954 (IPM na República do Galeão), 1955 (Novembrada), 1956 (Revolta de Jacareacanga), 1959 (Revolta de Aragarças), 1961 (Renúncia do Presidente JÂNIO QUADROS), 1964 (Contra-Revolução Democrática), 1969 a 1973 (Guerrilha do Araguaia), 1991 (Operação Traíra) e, por fim, não menos importante, por tratar-se de guerra urbana, 2018 (Operação no Complexo do Alemão). Foram crises enfrentadas, com confiança e destemor, por próceres que, naquele momento, estavam à frente das operações e, portanto, podem ser vislumbrados por aqueles que, hoje, detêm parcela do controle dos grandes comandos.

E mais, como ficarão a Associação de Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG), a Associação dos Oficiais da Reserva do Exército (AORE) e a Liga de Defesa Nacional (LDN) ao levarem, a todo recanto do território nacional, a mensagem das Forças Armadas relativa a altivez e ao amor à Pátria, eivados de civismo e nacionalismo? Essas agremiações são verdadeiras trincheiras orgânicas que muito podem contribuir com a Defesa Nacional.

Essas indagações estão a velejar no mar de tempos tenebrosos, e ficarão como cobrança aos que hoje têm competência legal para defender a sociedade brasileira, exemplificando assim aos subordinados as sábias tomadas de decisão.

É dito ainda e consta na história recente que, na Revolução de 1964, o povo dirigiu-se às ruas, na “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”, em São Paulo. Todavia, o fato decisivo para a intervenção militar foi a revolta dos Marinheiros, em 25 de março, e a reunião, no Automóvel Clube, com a participação de graduados da Polícia Militar e das Forças Armadas, para que culminasse a ação dos chefes militares daquela época. Estava assim evidenciado o aspecto basilar do ordenamento regulamentar no estamento militar: a quebra de hierarquia e o estabelecimento da indisciplina nos quartéis.

Hoje, apesar do número de pessoas estacionadas nas guarnições chegar aos milhões, a verdadeira ameaça é muito pior, sendo divulgada pela equipe de transição do suspeito futuro Governo. Intimida, abertamente, com promessas revanchistas. Já se alega que vão adotar, explicitamente, medidas que caracterizam perseguir os militares, estabelecer normas econômicas que solapem o erário público, tutelar ações que põem em risco a soberania da Amazônia, desmilitarizar as Forças Estaduais (PMs), enfim, deliberações que irão levar o país à derrocada final no contexto global. É notório o sangue de vingança estampado nos olhos dos que se acercam do mandatário que irá ocupar a cadeira presidencial por meios escusos.

Então, o que se conclama e suplica é a atuação dos nossos chefes militares no sentido de não permitirem que isso ocorra, e que esses vendilhões da pátria sejam extirpados desse momento nacional, por métodos legais, o que, aliás, sobeja. Sei que há a preocupação de um confronto entre irmãos, com derramamento de sangue, além da possibilidade de bloqueios econômicos. Mas o que se evidência, nesse instante, é a nossa soberania. Se perdermos essa guerra, nunca mais o Brasil se levantará, e a nossa geração, incluindo os que foram omissos, serão cobrados pela história e por nossos filhos e netos.

Encerrando essas linhas, registro às gerações futuras, principalmente para meus alunos dos diversos cursos onde ministrei instrução, bem como a amigos próximos e ainda a seus descendentes que não fui recluso nesse momento histórico que o Brasil vive. Espero ser julgado como um cidadão que fez tudo por sua pátria.

Aos que podem e devem deliberar ações cabe o melhor ajuizamento das consequências. Se aqueles que querem tirar a liberdade da população, por possuírem a caneta e deturparem a constituição, digo aos senhores que, também, têm a caneta e, sobretudo, o fuzil. Certamente são muito mais fortes do que aqueles.

Avante, não deixem os brasileiros e a nação sozinhos. Proteja-nos do mal que nos acerca.

FORÇAS ARMADAS, SALVEM O BRASIL

SOS – FORÇAS ARMADAS

ANTONIO CELENTE VIDEIRA.

ENTRE A DESONRA E A GUERRA, ESCOLHESTE A DESONRA E TERÁS A GUERRA. (Palavras de WINSTON CHURCHILL ao Primeiro-Ministro Britânico NEVILLE CHABERLAIN, diante do Acordo de Paz de Munique, em 1938, imposto por ADOLF HITLER)