EXISTEM PARTIDOS MORALMENTE LEGÍTIMOS?
As perguntas poderiam ser outras: temos algum partido político no Brasil ou somente “armazéns de secos e molhados”? Existem partidos conservadores no Brasil? E liberais? A questão vai além do imaginário popular e demanda uma análise serena da realidade estatutária dos partidos políticos, de suas siglas e de seus integrantes. Dos estatutos que verifiquei, não observei nenhum com um alinhamento coerente.
Eu poderia detalhar mais a questão: como identificar um partido conservador nos costumes e liberal na economia? Como reconhecer o populismo tirânico dos partidos que se dizem “do povo e pelo povo”? Como identificar as seitas políticas? Pois bem, seguem meus argumentos justificadores de minhas conclusões expostas ao final, que afirmará a inexistência de um único partido político legítimo em nossa Terra Brasilis.
- O Estatuto
O primeiro aspecto relevante, sem dúvida, é o estatutário. Explicitarei uma cláusula estatutária que eu mesmo redigi e encaminhei para o PSL e decidi tornar pública uma versão melhorada e disponível a qualquer partido tenha a decência de incluir valores claro e objetivos em seus estatutos, regimentos ou normas internas. Neste diapasão, deixo o artigo primeiro de qualquer orientação partidária que deseje ser identificado como moralmente conservador e economicamente liberal. Ou ainda: que deseje conciliar personalidades como Bolsonaro e Paulo Guedes. Obviamente, qualquer partido que pratique o Estadismo tirânico e centralizador de poder deve advogar o oposto.
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Artigo 1º. É condição sine qua non para pertencer ou ser candidato por esse Partido Politico, a defesa pública das bandeiras clássicas do conservadorismo político e do liberalismo econômico, baseado na evolução lenta, gradual, livre e natural da sociedade, refratário a utopias ou modelos revolucionários. Tais princípios enaltecem a racionalidade e a moralidade cristã, como o respeito à vida, à família, à liberdade e à propriedade privava, com especial destaque para os seguintes:
- Aspectos morais
- Direito à vida, a partir de sua concepção.
- Direito à liberdade plena de opinião (combate à censura).
- Direito pleno à propriedade privada.
- Inexistência de qualquer tributação para o bem de família.
- Primazia da autoridade familiar frente a agentes políticos.
- Combate à sexualização precoce de crianças.
- Combate à apologia da ideologia e gênero.
- Estrutura federativa profilática da tirania
- Primazia do princípio da subsidiariedade.
- Primazia do princípio da autonomia dos entes federativos.
- Primazia da destinação direta dos recursos municipais.
- Descentralização política e econômica (mais Brasil, menos Brasília).
- Desburocratização e simplificação tributária
- Ativismo flagrante e explícito pela simplificação burocrática.
- Veto explícito e contundente de aumento da carga tributária.
- Ativismo explícito para a redução da máquina pública e da carga tributária.
- Liberdade e relações de emprego
- Liberdade de recusa a participar de sistemas previdenciários (INSS facultativo).
- Liberdade de investimento da totalidade de sua renda (FGTS facultativo).
- Liberdade de recusar sindicalização ou associação (sindicalização facultativa).
- Liberdade de negociação direta entre produtores e consumidores de emprego.
- Políticas estatais e governamentais
- Separação técnica entre política estatal e governamental.
- Veto explícito e ativismo contra eternizações de políticas governamentais.
- Políticas governamentais não devem ultrapassar os mandatos respectivos.
- Livre-mercado e propriedade privada
- Ativismo explícito e contundente pelo livre mercado.
- Veto explícito a reservas de mercado ou monopólios.
- Adoção do modelo econômico liberto e meritocrático.
- Adoção do princípio da primazia do cidadão.
- Voto facultativo e distrital
- Ativismo explícito e contundente do voto facultativo.
- Ativismo explícito e contundente do voto distrital.
- Ativismo explícito e contundente da ficha limpa para votar.
- Repúdio explícito à possibilidade de voto de presidiários ou condenados.
- Educação
- Ativismo em prol e uma educação liberta de doutrinações político-partidárias.
- Primazia absoluta da família na orientação sexual e religiosa.
- Legítima defesa direta contra a tirania
- Contra o monopólio das armas, como profilaxia da tirania.
- Direito à legítima defesa plena para combater o agressor.
- Direito à legítima defesa da propriedade contra agentes invasores.
- Direito à legítima defesa contra impostos tirânicos.
- Direitos à legítima defesa contra obrigatoriedades tirânicas.
- Drogas ilícitas
- Combate as drogas.
- Rigorosa fiscalização interna.
- Rigorosa proteção de nossas fronteiras contra invasores.
- Mérito e igualdade
- Primazia da meritocracia e postura anticomunista.
- Estímulo à livre ascensão social meritocrática.
- Repúdio a qualquer política de cota por critérios biológicos ou raciais.
- Tratamento legal isonômico para todos os brasileiros.
- Império da lei e da ordem para todos.
- Segurança jurídica
- Proteção jurídica dos:
- Agentes policiais em geral.
- Corpo de bombeiros.
- Guardas municipais.
- Forças Armadas.
- Vedações
- Vedação de coligações com partidos da esquerda bolivariana.
- Vedação de coligação com partidos socialistas ou comunistas.
- Vedação de apoio ao Foro de São Paulo e seus aliados.
- Mídia
- Vedação de subsídios ou propagandas governamentais.
- Independência política e econômica da mídia.
- Mídia e produções artísticas serão patrocinadas pelos consumidores.
- Vedação de subsídio governamentais ou de entes públicos.
- Vedação de subsídios oriundos de sociedades de economia mista.
- Vedação de subsídios de empresas públicas.
- Desfiliação
- Desfiliação compulsória aos descumpridores destas orientações.
- Desfiliação igualitária aos filiados, candidatos ou mandatários.
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Pergunto a você, caro leitor: conheces algum partido político brasileiro com esses valores no estatuto ou normas internas? Eu ainda estou procurando. Partidos mantém estatutos desprovidos de valores morais claros e objetivos. Estabelecem quase tudo, menos o que realmente interessa. Algum estatuto endossa expressamente o direito à vida desde a concepção? Algum estatuto protege nossas famílias e suas propriedades privadas? Onde estão escritos os princípios que elenquei? Adianto ao meu público que inexiste um partido genuinamente conservador.
E os valores do livre-mercado? Em termos de valores, temos um único representante do liberalismo clássico e do livre-mercado, que é o Partido Novo. Todavia, se o Novo representa os princípios do liberalismo clássico, nem todos os seus integrantes assim o fazem. Assim sendo, fica minha pergunta: o partido expurgará os integrantes que não seguem seus princípios? Quando? Enquanto o Novo, o PSL e todos os demais partidos não declararem clara e objetivamente seus princípios e expurgarem os elementos que não comunguem dos valores partidários, não serão considerados genuínos ou legítimos, ao menos por mim.
- As siglas partidárias
Nesta seara, temos outro festival de asneiras. Alguns bons exemplos estão nos partidos supostamente trabalhistas que não fomentam o trabalho e escravizam o trabalhador com obrigações que nenhum trabalhador deseja. Façamos uma enquete se os trabalhadores desejam recolher FGTS ou pagar sindicatos. Os partidos vermelhos terão uma surpresa.
Simplificarei o tema: temos quatro correntes políticas, a saber:
- Libertarianismo: repúdio total ao Estado/governos e anarco-capitalismo.
- Liberalismo clássico: Estado/governos minimalistas e livre-mercado.
- Conservadorismo: priorização da moralidade.
- Estadismo ou Tributarismo: progressão crescente das estruturas governamentais.
Em suma, toda sigla que evitar a designação precisa da corrente ou eixo político principal está enganando você, caro leitor, ainda que não haja intenção de enganá-lo. Um partido genuinamente honesto deveria portar o termo designador de sua linha política em sua sigla, por exemplo:
- Partidos libertários:
- Partido Libertário.
- Partido Libertário Anarco-Capitalista.
- Partido Libertário antitirania.
- Partido Libertário anti-imposto.
- Partidos Liberais
- Partido Liberal.
- Partido Liberal Minimalista.
- Partido Liberal Mises.
- Partido Liberal Simplificador.
- Partidos Conservadores
- Partido Conservador.
- Partido Conservador Cristão.
- Partido Conservador Moral.
- Partido Conservador Carvalho.
- Partidos Estadista ou Tributarista
- Partido Estadista
- Partido Estadista Comunista
- Partido Estadista Fascista
- Partido Estadista Nacional Socialista
- Partido Tributarista Internacional Socialista
- Partido Tributarista Lula Livre
- Partido Tudo no Estado
Em termos de totalitarismo e gigantismo governamental, dispensam-se maiores considerações. Segue uma pergunta mais específica, caro leitor: vemos siglas partidárias que realmente representem o liberalismo clássico ou o conservadorismo político?
- As pessoas
Alguém poderia objetar-me em relação ao Partido Novo. Seria o Novo genuinamente liberal clássico? Os princípios parecem-me alinhados ideologicamente, mas seus integrantes seriam realmente liberais? Para ser franco com meus amigos leitores, eu não posso afirmar isso.
Outros poderiam questionar-me sobre o Partido Social Liberal. Seria o PSL conservador? Não tenho dúvidas que o presidente Bolsonaro é conservador e que o Paulo Guedes venha genuinamente da escola liberal clássica. Parece que tudo anda bem com o PSL, não é mesmo? Infelizmente, não é bem assim. Alguns integrantes destoam da conduta moral conservadora. É uma pena. No mais, sejamos francos: alguém poderia explicar-me o que seja o “social-liberalismo” de que fala o artigo 3º. do Estatuto do PSL?
E os partidos assumidamente de esquerda? Estariam eles alinhados com as utopias estadistas, totalitaristas e tributaristas que defendem? Aqui também devo lamentar o deserto de valores morais. Os partidos vermelhos estão repletos de saqueadores, muitos deles já condenados e presos, outros aguardando investigação e tramitações burocráticas. Trata-se de tosca ideologia e de pessoas que, em sua absoluta maioria, ainda chafurdam na miséria moral.
- Conclusões
Os estatutos dos partidos são imprecisos e beiram a teratologia político-ideológica. As siglas são verdadeiras badernas marqueteiras para confundir o eleitor menos atento. As pessoas filiadas aos partidos, salvo raras e preciosas exceções, estão em busca de interesses egocêntricos (no máximo, etnocêntricos), pouco importando os valores altruístas para o bem dos nossos sofridos e amados irmãos brasileiros.
Enfim, um partido legítimo é aquele que tem um Estatuto que reflita claramente seus valores, uma sigla que transmita sua essência sintetizada e pessoas alinhadas com tais valores através de suas atitudes, não apenas por seus discursos. Por fim, um partido genuíno é aquele que tem a coragem de expurgar quem não seja um exemplo vivo de seus valores. Você conhece algum partido assim, caro leitor? Eu não.
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