A frase do título não é minha, mas de Augusto Nunes. O valente jornalista classificou como cúmplices, os que apoiam a censura, de outro lado, o mesmo baluarte da liberdade, exibindo seus cabelos brancos, adjetivou de pusilânimes os que silenciam[1]. De minha parte, sinto-me desconfortável com ambos os adjetivos, motivo pelo qual escrevo esse módico texto reflexivo.

O dito popular “dois pesos, duas medidas” alerta para tratarmos igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de suas desigualdades. Parece que o maior latifúndio brasileiro chama-se “gadolândia”. Não bastaram os escândalos de corrupção como Mensalão, Petrolão, Censura e demais atentados contra a Constituição. Nada disso adiantou. Os tiranos retornam dos mortos como estranhas Fênix-zumbis recém-saídas de seus sepulcros caiados pela retórica populista e pomposo “juridiquês“.

O tirano da pós-modernidade veste toga ou terno e gravada, não raro laureado por títulos de honoris-umbra e supostas bênçãos de falsos messias. Sim, queridos leitores, no Brasil e em todo o planeta de provas e expiações que vivemos, a pipa continua empinando o menino, o poste continua urinando no cachorro e os piores bandidos recebem verbas diretamente do erário público. “Há de ser tudo da lei”, já cantava Raul Seixas[2]. Nem o “maluco-beleza” acreditaria que até o ilegal seria “da lei”, a censura seria chamada de “não-censura” e o inconstitucional viraria “constitucional”, ao menos na interpretação do STF/TSE[3]. Pois é… Há de ser tudo da lei. E segue a pipa empinando o menino. A pergunta é: até quando?

Será que estaríamos enganados? Será que o nosso bravo jornalista não estaria exagerando? Considerando que estamos na era da informação, a ignorância parece-me uma opção, não uma imposição. Portanto, pondero que Nunes esteja correto ao classificar os que apoiam a censura como cúmplices, restando aos silenciosos a pecha de covardes. Resta-me concordar com a lucidez e a coragem desse ícone do raro jornalismo que reside fora dos limites da “bovinolândia”.

[1] NUNES, Augusto: Não tenho nenhum medo de Alexandre de Moraes: https://youtu.be/8rq4W0c9Uq4

[2] SEIXAS, Raul: https://www.letras.mus.br/raul-seixas/48333/

[3] TSE coroa o processo eleitoral tendencioso obrigando a Jovem Pan a falar uma mentira: https://youtu.be/wbnIct0WDh4

[4] NUNES, Augusto: “A Jovem Pan ama a liberdade, ela é vítima desse processo”. Disponível em: https://youtu.be/aE3bB8uGEjo