TRAGÉDIAS NATURAIS OU HUMANAS?

A mídia brasileira não é apenas especialista em distorcer notícias, mas também em ocultar a verdade da população. A maioria dos jornalistas ficam indignados com as mortes de Brumadinho e Mariana-MG, mas não informam (ou desconhecem) qual ideologia ocasiona ocultamente tais desgraças. Trata-se da ideologia da exclusão da responsabilidade personalíssima, afinal de contas, a culpa seria “da sociedade”. Basta desta hipocrisia.

Todos ficamos indignados com os desastres oriundos da não prevenção e da péssima conservação de nossas barragens e de toda a infraestrutura nacional. Nos últimos anos, vimos incêndios em museus administrados por apadrinhados políticos, interdição de pontes malconservadas que ameaçam os transeuntes e motoristas, decadência dos correios por sua indecente politização e, dentre outras mazelas, a abjeta partidarização da educação.

Seriam tais fenômenos naturais? A resposta negativa é de flagrante obviedade. Pois bem, a tragédia de Brumadinho-MG (2019) ou de Mariana (em 05.11.2015 – ainda sem condenação dos culpados) e os prejuízos ambientais e humanísticos delas decorrentes seriam “naturais”? A mim parece um sintoma “humano, demasiadamente humano”.

Identificar como “natural” implica em descriminalizar a negligência ceifadora de vidas e esperanças. Que linha política gosta de descriminalizar, desencarcerar e relativizar a responsabilidade? Entendo a presumida “boa intenção” para liberar o FGTS para as vítimas, mas o fato é que essa tragédia NÃO é natural. O resultado está aí: nova tragédia.

Seguem duas premissas, dois fatos e uma indagação retórica para sua reflexão:

Premissa: Tragédias oriundas da interferência humana não são “naturais”, no sentido de externas ao homem.

Premissa: o rompimento de uma barragem implica em responsabilidade humana.

Fato: Dilma Rousseff decretou como “natural” o rompimento de barragens logo após a tragédia de Marina, a fim de liberar o FGTS para as vítimas. Mas será que este decreto também não beneficiou “tubarões” que seriam responsabilizados? Será que considerar como “natural” tal catástrofe não abre uma linha de defesa para os autores destes CRIMES AMBIENTAIS COM MORTES.

 

 

O FGTS sequer deveria existir, pois o dinheiro jamais deveria ficar retido com o governo, mas sim ficar diretamente com o trabalhador. A profilaxia destas tragédias NÃO está em liberar FGTS (mero paliativo), mas sim na punição exemplar dos responsáveis, o que ainda não ocorreu e que ficará muito mais difícil de ocorrer em razão justamente de considerar-se “natural” uma tragédia “humana, demasiadamente humana”.

Fontes:
http://bit.ly/2TbMVqY
http://bit.ly/2DZQEON
http://bit.ly/2tzazzb