VOTO A FAVOR DE QUEM É CONTRA

O paradoxal título aparentemente bizarro carece de explicação. Particularmente, nunca gostei de armas de fogo e sonho com um mundo pacífico, onde instrumentos para a eliminação da vida humana sejam lembranças estudadas em livros de história sobre um longínquo tempo de barbárie.

Seria eu a favor do estatuto do desarmamento? Não. O motivo é simples, entre a utopia e a realidade, fico com a última.

Um bom exemplo de que lidamos com uma dura realidade mundana está na inteligência da segunda emenda da carta magna estadunidense, que garante ao cidadão a posse de armas de fogo. Eis uma tradução livre deste dispositivo: “Sendo necessária à segurança de um Estado livre a existência de uma milícia armada bem organizada, o direito do povo de possuir e usar armas não poderá ser impedido.”

Qual seria a intenção dos pais fundadores daquela nação? Seria a ideia da legítima defesa? Penso que antes de pretenderem outorgar o direito à legítima defesa para o cidadão, eles objetivaram a profilaxia da tirania. Minha interpretação advém da análise cuidadosa da primeira parte do dispositivo, que afirmou tal necessidade para a segurança de um “Estado livre” e não “apenas” para a defesa individual.

Julgo curioso o fato de que todos os regimes tirânicos por mim conhecidos tenham iniciado pela retórica da paz e implementando o desarmamento de sua população. De fato, se você ou eu fossemos tiranos despoticamente mau intencionados, obviamente preferiríamos tiranizar uma população desarmada.
Terminarei minha reflexão com o destaque de um trecho da minha obra Consciência Turquesa, aliás, disponível gratuitamente em arquivo PDF pelo site www.conscienciaturquesa.com:

“Em conclusão e raciocínio sequencial, reitero meu particular desgosto com a necessidade de instrumentos voltados à legítima defesa, sejam muros repletos de ofendículas, arames farpados, câmeras de segurança, alarmes para nossos carros, armas de fogo, portões em nossas propriedades e plantas espinhentas nos limites das nossas casas, mas a questão não deve cair no romantismo ou nas falácias despóticas, a fim de enfrentarmos a situação pragmática: podemos viver sem trancas em nossas portas? É justo condenar um homem a morrer nas mãos de bandidos sem direito à proporcionalidade reativa e à legítima defesa de sua vida e de sua família? Estaríamos diante de meros conflitos opinativos ou de fatos objetivos?”

Fonte:
www.conscienciaturquesa.com