O ERRO POSITIVISTA

Tirem as crianças da sala! Apensar do início chistoso, o assunto requer especial diplomacia, pois caminharemos sobre as areias movediças do fanatismo materialista e seu deus laico: o Estado. Pois é… o materialismo e suas derivações “fashions” não levaram a humanidade para o prometido mundo romantizado, nem para o sonho utópico da sociedade idealizada pelos engenheiros sociais de plantão. Simples assim.

Marx, Comte, Mill e Mach equivocaram-se nas reflexões sobre a transcendência. Marx interpretara Hegel de forma equivocada ou mal-intencionada, pois espremeu a teoria hegeliana para caber em seu tosco materialismo histórico-dialético. Comte e sua iludida evolução do estado teológico para o metafísico, e desse para fase positivista (materialista) achava que seu positivismo seria validado pelas sociedades mais maduras e desenvolvidas.

O materialismo de Marx e Comte é reducionista demais para perdermos tempo com isso, pois relativizaram e condicionaram toda a realidade multidimensional à perspectiva do sujeito. De preferência, o sujeito que pensa como eles. Os materialistas descartaram a transcendência e promoveram a miséria moral por onde passaram. Aliás, os eventos históricos repletos de morte e sofrimento demonstram o erro positivista da maneira mais triste possível. Enfim, no afã de separar as mistificações embusteiras da transcendência legítima, os materialistas jogaram o bebê com a água do banho.

Confesso que fiquei tentado a excluir John Stuart Mill (1806-1873) deste rol, dado que esse pensador trouxe grandes contribuições no campo político, econômico e ético. Em suma, admiro Mill por vários prismas, mas a vida nem sempre é fácil… Assim, Mill fica incluído nessa crítica.

O quarto personagem é Ernst Mach (1838-1916). Ele conectou a validação de qualquer fenômeno à possibilidade de sua observação. Faz sentido à primeira vista. O problema reside na presunção de inexistência daquilo que não é observável. O atomismo de Mach passou a reduzir o psíquico no mundo físico. Toda a transcendência, o universo mental, as labilidades emocionais, o vasto campo psicológico e as não menos intensas criações oníricas caberiam em seu tubo de ensaio.

Tudo parecia bem no diálogo com a modernidade, mas faltava combinar com a humanidade. O mundo desprovido de transcendência mostrou-se frágil como um castelo de cartas e implodiu moralmente. O planeta apresenta-se repleto de conturbações e a ignorância nunca nos ameaçou em tão grande escala, mesmo portando seus sofisticados iPhones. A purpurina resplandecente na erudição dos materialistas e o inebriante relativismo moral pós-moderno conduziram-nos para onde estamos. A pergunta é: estamos bem?

O rochoso materialismo está fadado ao fracasso. As vítimas do reducionismo materialista, positivista ou marxista sofreram a perniciosa influência do vazio existencial emergente de uma vida desprovida de significado. Falta Platão, sobra Prozac. Eis a importância dos valores morais edificantes, bem definidos e transcendentes.