BREXIT
Isso obviamente desagradou e levantou suspeitas sobre a real intenção de May no sentido de cumprir a vontade popular. O “no deal” parece-me uma possibilidade real.
“BREXIT significa BREXIT”, disse May em sua defesa. Todavia, a retórica destoa das ações. A expressão ecoa um anseio da população contrária à procrastinação globalista. Estaria May “jogando para a torcida” e manipulando o resultado? Afinal, muitos que se julgam democráticos simplesmente resistem ao anseio popular devidamente manifestado.
Parece que nada é simples na relação entre União Europeia e Reino Unido. Notem que os termos de mesma raiz – “união” e “unido” – estão presentes em ambos os lados e outorgam a noção de nações autônomas que livremente decidiram se unir. Entretanto, será fácil recuperar a soberania nacional mitigada em prol de uma centralização administrativa? As dificuldades do BREXIT deixam clara a resposta.
O rejeitado acordo de saída incluía um ônus bilionário para os ingleses e problemas com as diferentes posições internas no Reino Unido. Inglaterra e País de Gales optaram pelo BREXIT, diferentemente dos resultados da Escócia e Irlanda do Norte. Eis o cenário do conflito.
Enquanto a Inglaterra deseja sair da União (Europeia), a Irlanda do Norte deseja permanecer, o que pode significar a saída da Irlanda de outra União, a do Reino Unido. Trata-se de um curioso enredo dentro de outro, não propriamente idêntico, mas com suas similaridades.
A despeito de minha rotunda predileção pessoal pela descentralização de poder, também sou amante da enorme sabedoria contida nos supostamente simplórios ditos populares. Assim, permito-me lembrar um deles: “pau que bate em Chico, bate em Francisco”.
Tanto o BREXIT inglês, como seu filho rebelde (a possível ruptura da Irlanda do Norte com o Reino Unido) representam a vontade popular. Sem adentrar no mérito utilitarista e nas derivações sociais e econômicas, uma mesma lógica argumentativa pode ser usada para ambos os casos, que sintetizei pela citação do dito popular destacado acima.
Em outras palavras, aos que não desejarem a alcunha de tiranos e respeitarem a vontade popular, tanto a Inglaterra (saída da União Europeia), como a Irlanda do Norte (permanência na União Europeia) merecem respeito. Afinal, todo o poder emana do povo ou não?
Fontes:
https://g1.globo.com/tudo-sobre/theresa-may/
Canal Ideias Radicais: http://bit.ly/2V5KeVk