CANDIDATOS SPARRINGS: VERDADE OU TEORIA CONSPIRATÓRIA?

Pretendo compartilhar uma teoria ficcional de um enredo político imaginário. Era uma vez uma cidade em que a população era notadamente conservadora e gostava de sua flagrante prosperidade mesclada com a típica paz interiorana. Um belo dia, alguns honestos cidadãos locais e de algumas cidades vizinhas se tornaram polos de inteligência para a derrubada de um governo federal tirânico. Eles patrocinaram ações pontuais e auxiliam na estratégia descentralizada de gigantescos movimentos populares.

Houve uma adesão massificada e espontânea contra a figura despótica sitiada na capital da nação. Depois de um longo inverno político, a nação voltou a tremular as cores de sua bandeira e sentir orgulho de sua terra. Após a hercúlea batalha pelo impeachment da usurpadora, o povo vencera a corrupção e a tirania. Seria uma vitória pírrica? Era cedo para essa análise.

O sentimento era de alegria e os cidadãos daquela gostosa cidade, finalmente, poderiam retornar ao trabalho e voltar a apreciar a refrescante brisa que penteava as copas das árvores da preciosa reserva verde que circundava a cidade e premiava seus cidadãos com belezas e recursos naturais.

Os políticos locais revezavam-se no poder desde sempre e seus habitantes não se importavam muito com isso, desde que eles não os perturbassem demais. Entretanto, um daqueles combativos cidadãos que ajudou a derrubar o governo federal percebeu que uma estratégia política antidemocrática estava passando dos limites, não mais em âmbito federal, mas sim na esfera municipal.

Havia um poder local que parecia dominar os partidos de oposição e ceifar a legítima competição democrática e o consequente e indispensável confronto de ideias. O partido chapa-branca deseja inserir oponentes amigáveis e organizar uma falsa disputa eletiva. Estratégia das tesouras? Não, era algo ainda mais sofisticado. Nosso protagonista questionou-se em silêncio: os candidatos de oposição seriam meros “sparrings” políticos?

O termo “sparring” é usado no esporte conhecido como boxe, para designar um oponente que apenas simula a condição de adversário, mas que poupa o pseudo opositor com o intento de torna-lo ainda mais forte, obviamente tomando o cuidado para não provocar grandes lesões no atleta principal.

Teoria da conspiração? Lançarei outro “talvez” como resposta. Estávamos há mais de um ano distante das eleições. Pois é… parece mesmo uma teoria conspiratória. Todavia, este cidadão decidiu lançar um candidato combativo e fomentar uma saudável disputa democrática pelo poder local. Dirigiu-se ao partido de oposição e montou um time “puro-sangue” para promover um futuro candidato realmente de oposição.

A reação dos chapa-brancas não tardou. Imediatamente, este cidadão recebeu convites para estranhas composições políticas. Ele recusou. Posteriormente, recebeu a notícia dos próprios líderes partidários que “outros nomes” foram escolhidos. Sim, ele fora dispensado por não aceitar a famigerada “arte do possível”. O honesto cidadão exigiu moralidade total.

Que audácia! Que exagero! Bem… parece que nosso zeloso cidadão pediu demais. O sentimento do nosso cidadão hipotético era paradoxal. Por um lado, lamentava o circo dos horrores e da podridão humana que chafurdava no lamaçal político-partidário; por outro, estava aliviado por sua decisão de concentrar sua atuação na luta intelectual pela verdade e em seus empreendimentos.

O final da história é que um forasteiro comprometido com o futuro candidato chapa-branca fora indicado para o partido de oposição e a nominada “puro sangue” local fora colocada de lado. O futuro era previsível: assistiríamos nas próximas eleições a luta entre o musculoso estrategista chapa-branca e um “sparring” como oponente. Eis a velha pizza à brasileira, com sobremesa de marmelada.

A guerra era assimétrica. Sim, a velha política perdera uma batalha capital no âmbito federal, mas começava a vencer rounds locais. Novamente pergunto: teoria da conspiração? Desta vez responderei com um indigesto: você decide.